ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso defendeu, nesta segunda-feira (26), uma “reforma política urgente” no Brasil, e disse que “o sistema partidário brasileiro é a institucionalização da desonestidade”. A declaração foi feita durante um seminário sobre corrupção realizado pela Rede Gazeta, em Vitória.
Durante a palestra, cujo tema foi “Conquistas democráticas e combate à corrupção”, o ministro citou as desigualdades e a dependência do Estado como causas e razões para a corrupção no Brasil.
"Da telefonia até o carnaval, depende de dinheiro do BNDES, da Caixa Econômica, de favor de presidente, governador. Até o capitalismo construído no Brasil é viciado em Estado. O capitalismo significa risco, competição e igualdade. No Brasil, se pensa em capitalismo com financiamento público, reserva de mercado e desoneração", comentou o ministro.Barroso disse, ainda, que o atual sistema político alimenta a corrupção e defendeu a necessidade de uma reforma política urgente.
"Temos um modelo político em que a política se descolou da sociedade civil, que não se reconhece na representação política e a trata com indiferença, ou desprezo, o que não é bom. Portanto, essa agenda que não conseguimos avançar ainda, da reforma política, continua a ser urgente", disse.Barroso citou que o Brasil precisa superar a cultura da impunidade criando, assim, “um país onde valha a pena ser honesto”.
"A elite dominante brasileira criou um sistema penal que a mantém praticamente impune. A começar pela crença equivocada de que a criminalidade do colarinho branco não é grave. Pelo contrário, ela mata. [...] Precisamos superar a cultura da impunidade. Não para criar um país punitivo, mas para criar um país justo, um país que pune um empresário que ganha uma licitação porque pagou propina para um administrador. Não é um estado policial, é um estado de justiça", disse.
Para ele, os desdobramentos da operação Lava Jato, que investiga políticos e grandes empresários, têm contribuído para mudar a visão da sociedade e mostrar que a lei vale para todos.
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